Thursday, October 14, 2010

:: Sendo Eleanor Rigby ::

(image by Liv)

Eu tentei isso várias vezes.

A coisa do diário.

Até perceber que a solidão dos dias se repetia numa frequência que eu não queria lembrar, numa frequência que eu não queria que ninguém conhecesse.

Todo mundo tem pena dos solitários.

Até os Beatles.

Veja a imagem que pintaram da Eleanor Rigby. Pobre mulher.

Vê? Vê o que estou fazendo? Estou me apiedando dela. Estou me apiedando da pobre mulher apesar da possibilidade de que ela tenha sido só um nome escolhido para um personagem fictício numa música.

Mas eu não acredito muito nessa hipótese. Não acredito porque ela tem o olhar de muitas pessoas que eu vejo na rua diariamente, o mesmo gosto para roupas, o mesmo corte de cabelo, o mesmo jeito de caminhar invisível sobre o planeta.

Eu seria Eleanor se não fizesse tanto barulho, se não risse alto.

Eu poderia ser uma locomotiva.

Não há nada de errado com elas, há? São feitas de pura força e ferro e cortam paisagens de pedra se precisarem.

As locomotivas é que são felizes. E estão sempre cercadas de pessoas.

Eu nunca quis ser Eleanor Rigby.

Mas vou enfrentar o meu destino seja qual for.

(Então, brindemos à solidão - porque é melhor não ter medo.)




4 comments:

  1. Eu não sei quem é Eleanor Rigby mas imagino que deva ter muitas dela por aí.
    Parei com os diários quando percebi que contar os meus dias era tão somente reescrever a mesma história.
    E relê-las era muito pior.

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  2. Mas, as locomotivas podem descarrilar por alguma irreflexão sobre os trilhos, ou por excesso de velocidade. E ai de quem estiver por perto.

    Beijo.

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  3. Eu acredito que a vida vem com um pacote. Não se escolhe o momento da tristeza, alegria ou solidão. Que estar feliz não é estar rodeado de pessoas, pode ser, mas sem qualquer regra que diga isso.
    Pra ser sincera, não tenho medo da solidão, mas do tempo.

    "Look at all the lonely people".

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  4. e eu fiquei num misto de emoções...

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